Artigo escrito pela parceira PLOCPLAY:
Psicóloga Bruna Medeiros
Mãe,e Educadora Parental
CRP 05/54486
@psicologabrunamedeiros
Uma criança chorando e gritando alto, ao mesmo tempo que se joga no chão, pais constrangidos, desesperados tentando contê-la e vários olhares de espectadores reprovando a situação – Você já viu ou até mesmo participou de uma cena dessa? Todos sabemos o quanto ela é angustiante.
Ainda mais difícil do que viver esse momento é identificar e admitir que seu filho está realmente precisando de limites, pois trata-se de um assunto polêmico. Isso porque ao fazermos isso, estamos automaticamente reconhecendo que precisamos mudar nossa postura e a forma de impor limites. Além do fato de todos terem algum palpite ou opinião a respeito.
A verdade é que existe no senso comum uma GRANDE confusão que justifica o que é uma criança mimada. Educar seus filhos com mais liberdade, com carinho e afeto é bem diferente de mimá-los – no segundo caso, os pequenos têm dificuldade em lidar com as próprias frustrações quando as coisas não acontecem como ele gostaria.
Todo esse cenário deixa muitos pais perdidos sobre como identificar e como agir nesse tipo situação, mas é perfeitamente possível estabelecer limites saudáveis e ainda assim cuidar com todo o amor e atenção que nossos pequenos merecem! ♥️
Meu filho é mimado?
O sentido literal da palavra mimado significa: ser tratado com muitos agrados. Os agrados, não deveriam ser nenhum problema ou gerar consequências negativas, uma vez que as crianças estão aprendendo a perceber as pessoas, o mundo e a si mesmos neste período.
Entretanto, o conhecimento dos limites é fundamental para que os pequenos possam lidar com frustrações cotidianos, quando não são prontamente atendidos os seus desejos.
“O limite é uma forma de amor e a criança reconhece isso”
Dar amor, atenção e colo, não é sinônimo de mimar. Pelo contrário, apego seguro ajuda a criança a se desenvolver de forma emocionalmente saudável. São os excessos que podem ser prejudiciais como por exemplo: quando os pais querem fazer tudo pela criança, como ajudar a realizar tarefas condizentes a sua idade ou simplesmente completar frases do dia a dia, não permitindo assim que ela conheça a frustração, sem dar espaço para o seu desenvolvimento de sua autonomia.

Quais os principais sinais?
As reações mais comuns de uma criança mimada em excesso são as seguintes:
1 - Constantes ataques de raiva
Quando a criança ainda é pequena, a única forma que ela tem de se comunicar é através dos choros e risos, dessa forma ela consegue sinalizar quando algo está indo bem ou não.
Os motivos podem ser vários, afinal nessa idade a criança ainda está aprendendo a lidar com os seus sentimentos e frustrações.
Portanto, os ataques de raiva e choro são formas efetivas de comunicação e são normais até os 3 ou 4 anos de idade, desde que não seja algo muito frequente.
Mesmo quando pequena, a introdução e respeito às rotinas ajuda e muito a criança a se organizar emocionalmente. Partindo desse princípio, uma criança pequena não teria o porquê ter um ataque de raiva para ganhar uma guloseima sendo que ela não come fora de casa, por exemplo.
Geralmente, esses ataques começam a se tornar mais raros após os 5 anos. Entretanto, os mais grandinhos podem utilizar destes artifícios por saberem que seus pais cedem fácil, principalmente em locais públicos. Tornando os ataques de raiva muito eficientes e cada vez mais constante
2 - Não saber valorizar as coisas
A criança nunca fica satisfeita e olha para as coisas com desdém, afinal, a abundância é algo que ela aprendeu, pois nunca precisou merecer ou esperar por algum presente ou recompensa.
Se você passou por algum tipo de privação quando pequeno, é normal que você não querer que o seu filho por essas mesmas frustrações. Entretanto, quando os pais enchem os filhos de presentes e dão tudo o que pedem, sem explicar o porquê estão ganhando determinada coisa, as crianças passam a não dar o valor necessário para as coisas.
A frase “dar valor as coisas” não diz respeito ao custo material, mas sim ao esforço necessário para consegui-las, ao que elas representam para nós e para quem nos presenteou.
3 - Falta de respeito
A criança mimada entende que somente suas vontades importam e enxergam que o restante das pessoas estão lá somente para servi-las.
Observar como as crianças se relacionam com outros é de extrema importância. Pequenas atitudes como não respeitar uma fila, o espaço do outro, os animais, sua vez de falar ou até mesmo não responder quando perguntada são sinais de atenção e que precisam ser corrigidos.
É muito comum ver pais justificando a falta de respeito do filho com desculpas como: ele está com fome, está ansioso, está com fome, etc. Algum desses fatores realmente pode estar desencadeando algum tipo de frustração em seu pequeno, mas é importante sempre corrigir e explicar o porquê não é correto descontar nos outros as nossas frustrações. Ao não ser corrigida, conforme a criança for crescendo, esse comportamento vai se tornando cada vez mais prejudicial para as relações que ela tentar estabelecer, contribuindo para que seu filho cresça com pouca empatia e capacidade de convivência em sociedade.
4 - Desobediência
Muitas vezes consideramos como desobediência quando a criança tem prioridades diferentes das prioridades dos adultos e segue suas vontades com maior frequência do que a vontade ou orientação dos pais. É normal que os nossos pequenos tenham resistência a fazer algo que eles não queiram ou que não obedeçam ao primeiro pedido.
É possível que, em algumas situações a criança tenha esse tipo de comportamento por ainda não ter a capacidade cognitiva para entender as solicitações de seus pais.
Entretanto, pode ser um problema quando a criança passa ignorar deliberadamente aos pedidos dos pais. Ou seja, uma vez que as regras foram entendidas e a criança está apta para cumprir tais regras, a criança opta por agir ao contrário das orientações dos pais por decisão própria.
5 - Não assume responsabilidades
Todo pai provavelmente já passou pela situação de pegar seu filho mentindo para encobrir um erro que tenha cometido. Esse tipo de comportamento é relativamente normal, mas precisa ser corrigido sempre que ocorrer, pois ao não fazer, você está isentando o seu filho da consequência de suas ações, colaborando para que ele entenda que não é responsável pelos seus atos. Com isso, a criança cresce com medo ou fugindo de assumir responsabilidade pelos seus atos.
Afinal, como a criança irá entender que sua ação teve uma consequência negativa se seus educadores ignoram quando esse tipo de comportamento ocorre?
Entendendo que a possibilidade do seu filho ser mimado é real
Muito além das situações constrangedoras em público, a criança sem limites é definitivamente a mais prejudicada a curto, médio e principalmente a longo prazo.
Uma criança mimada tem grande dificuldade de adaptação às demais, por não entender que suas vontades não são primordiais, tendo problemas em fazer amizades e reagindo negativamente à rotina escolar, também dificultando seu aprendizado. Já na adolescência o quadro poderia facilmente evoluir com isolamento, crises de ansiedade e depressão, todos estes fatores se agravando na vida adulta.
E se eu identificar que meu filho é mimado?

Se você acaba de perceber que o seu filho tem essas características de uma criança muito mimada, precisa agir imediatamente para reverter o comportamento dele e o seu, na sua forma de educá-lo.
O passo mais importante é reconhecer que seu filho está se tornando uma criança mimada e assumir que em algum lugar durante seu crescimento você impôs menos limites do que deveria.
Já ouviu falar que a criança faz birra somente quando os pais estão perto? Isso é óbvio, já que os pais são os principais facilitadores desta criança, portanto, os pais assumirem o seu papel na solução do problema já um primeiro passo muito importante, a ação de mudança deve vir de vocês.
Então, se você for como eu uma “manteiga derretida” e já chegou até aqui nesse post, parabéns! Você já está dando o primeiro passo para tornar seu filho e você uma pessoa melhor.
Se achar necessário, peça ajuda de especialistas (terapeutas, psicólogos etc.), mas não se esqueça: É sempre importante pedir ajuda, mas não apenas terceirize essa função, seja para escolas ou para esses especialistas.
Além disso, é importante entender que este comportamento negativo do seu filho não vai simplesmente sumir do dia para a noite, pois seu a criança vai querer lutar contra essas mudanças e você precisa se manter firme.
Seja firme!
Por mais que a culpa bata, os pais devem saber que as regras e os limites são essenciais na educação dos pequenos. Criar os filhos sem definição de regras e limites faz com que ele não entenda seu lugar e não saiba lidar com frustrações.
Isso significa saber se comportar durante um passeio e até comer o que os pais indicam, já que os adultos têm mais experiência para saber o que faz bem do que uma criança.
Ser firme, não equivale a impor castigos ou dar palmadas. Ser firme significa guiar a criança para encontrar soluções para o problema em que se encontra. Cada criança reflete seu ambiente familiar na forma de se comunicar, ou seja, se ela for repreendida com violência, também vai se comunicar e demonstrar sua frustração com violência.
Seja consistente!
Não tem nada mais importante dos que manter a consistência quando você for educar uma criança. Ela precisa entender as regras e perceber que não importa o que ela faça você não vai ceder.
Dito isso, não volte atrás em uma decisão. A criança precisa confiar e sentir-se segura com a decisão do adulto. É normal a criança tentar desafiar os pais e ganhar espaço, mas é o nosso papel ensiná-la a conviver em sociedade através da imposição de limites para que ela saiba diferenciar o certo do errado e a controlar seus impulsos.
Mantenha o diálogo!
Para que ela possa aprender a se comunicar com argumentos saudáveis ao invés da birra, evite responder aos questionamentos da criança com frases como: porque eu quero, porque sim, porque eu estou mandando, dentre outras. Ao invés de usar frases impositivas, pergunte ao seu pequeno por que ele desobedeceu e como ele está se sentindo.
Encoraje seu filho pelos bons comportamentos
Encoraje seu filho sempre que notar uma melhora ou um esforço real.
Uma das maneiras mais eficazes de incentivar o comportamento positivo em crianças é através do elogio. Ao elogiar seu bom comportamento, você transmite confiança na capacidade da criança e mostra que se sente orgulhoso quando ela se comporta corretamente.

Quadro de rotinas
A Disciplina Positiva tem sim como ferramenta um quadro de rotinas, que vai ser elaborado junto com a criança e vai guiar suas rotinas, de maneira que ela tenha mais autonomia nas suas tarefas e se sinta mais capaz e motivada.
Com essa ferramenta, os pais não precisam ficar atrás da criança dizendo o que tem que ser feito em cada momento. Cada tarefa completada no quadro, recebe uma estrelinha. Se a criança se sentir motivada em colar as estrelinhas, é preferível que ela mesmo cole.
É importante que não haja qualquer prêmio no fim da semana. Isso porque ao ver que está conseguindo realizar suas tarefas corretamente, se sentirá mais estimulada internamente, ao invés de depender de estímulos externos, proveniente de presentes ou da aprovação de terceiros. Caso contrário, se o incentivo para realizar a tarefa for receber um prêmio, a criança não estará motivada para seguir adiante quando não receber um prêmio ou quando o prêmio recebido não a satisfizer.
Espero que as dicas tenham sido de grande valia para você!
E lembre-se: não importa o quão mimada uma criança seja, nunca é tarde demais para ajustar seu comportamento. Com isso, você garantirá um bom convívio com seu filho e um futuro mais feliz para ele.